domingo, maio 28, 2006

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sábado, maio 27, 2006

Até a próxima vítima - Jornal Hoje em Dia

Tião Martins
smartins61@hotmail.com
Até a próxima vítima (leia Hoje em Dia)

Levar a vida numa boa sempre foi a mais firme opção dos passageiros deste barquinho de papel, mas sem fechar os olhos para o que acontece de ruim em volta de nós, pois viver assim seria fugir à realidade. E fugas não levam ninguém a bom porto.
Por isso, o alcaide que ninguém vê costuma ser personagem, já que não cumpre o seu papel de prefeito e deixa a cidade entregue ao lixo, as escolas municipais tomadas pela violência e todo mundo com a sensação de que BH é terra de ninguém.
Se você ainda acha que tudo é exagero, leia a seguir o depoimento da professora Mary D., que sugere uma visita do cronista à Escola Municipal Dom Orione, no bairro Ouro Preto, para ver de perto o que acontece por lá.
‘Nesta escola - diz ela - existem alunos para todos os gostos. Comportados e estudiosos (a maioria), traficantes e ladrões (um bom número), colocados ai pelo Poder público, que obriga a escola a recebê-los alegando que também têm direito à escola. Só que este mesmo Poder público não toma conhecimento das ameaças sofridas pelos funcionários, professores e demais alunos da escola, feitas ou praticadas por esses ‘desvalidos da sociedade‘.
A professora conta que muitos colegas dela estão em casa ‘cuidando da depressão, síndrome do pânico e outros males emocionais causados pela impotência diante dos problemas e pelo descaso da Prefeitura, que acha que investir em educação é doar kit escolar e colocar computadores nas escolas, como se isso fosse resolver o problema da violência‘.
Outro profissional da rede municipal, Geraldo C., que dá aula no Imaco e escreve para o blog dos professores (diariodoprofessor.blogspot.com), traz notícias ainda mais preocupantes sobre o que acontece nas escolas mantidas pela Prefeitura
Depois de lembrar que já houve até morte, quando um aluno do Imaco foi assassinado por um colega, ele faz denúncias impressionantes. Leiam, por favor, pois o nosso prefeito (como é mesmo o nome dele?) não vai ler:
- Tentar esconder que as escolas municipais, particularmente as noturnas, têm se tornado locais perigosos, é brincar com a vida e com a inteligência das pessoas. Nenhum número, maquiado ou não, conseguirá dizer que o Colégio Municipal São Cristóvão teve seu noturno fechado para balanço e não devido à violência.
O professor também fala sobre ‘o crescente adoecimento dos trabalhadores e trabalhadoras das escolas, notadamente os professores e professoras‘, como já foi comentado aqui, e diz que a visão míope com que certas pessoas cuidam da educação ‘se faz notar cada vez quem alguém da Prefeitura abre a boca para defender o indefensável‘.
E ele faz ainda uma pergunta inquietante: ‘Uma escola de qualidade pode existir sem professores para todas as disciplinas?‘
Claro que não, professor, a não ser nas belas, pacíficas e maravilhosas escolas municipais. É provável que alguém ali na Afonso Pena acredite que professor não faz falta nenhuma nas escolas.
Seguem muitas outras perguntas do mestre, já publicadas no blog do professores e que podem ser consultadas a qualquer momento por nossos passageiros, que ficaram impressionados com a situação das escolas desde que tocamos nos assunto.
O professor Geraldo C. conclui suas denúncias com uma frase que ficará girando no cérebro de qualquer pessoa sensível, feito cupim em madeira seca. ‘Até a próxima vítima‘.
Haverá sensibilidade assim na Prefeitura? Sei lá, sei não.

quinta-feira, maio 25, 2006

Cenas da Revolução Cultural Brasileira

Cenário: uma escola pública de Belo Horizonte.
Cena 1: um professor é agredido verbalmente por um aluno ao ser mandado tomar...
Cena 2: uma professora entra na sala de aula e encontra duas alunas atracadas em uma luta corporal.
Cena 3: após recreio três professores são impossibilitados de entrar em sala, juntamente com seus alunos, porque alguém entupiu as fechaduras, deixando os colegas com seus materiais presos em sala e sem aula.
Cena 4: alunos integrados à escola através de ordens judiciais não permitem que professores dêem aula, desrespeitando-os e aos colegas, alegando que eles é quem mandam no “pedaço” e que ninguém pode com eles.
Cenas 5: E por aí vai, pra pior!
Cenário: auditório da escola
Cena final: é realizada uma reunião com a gerente da regional de educação, estando presentes professores e diretores, na tentativa de resolver a situação. Após serem expostos todos os problemas à digníssima gerente, a assembléia ouve revoltada que a culpa é dos professores que não conseguem lidar com os alunos.
O pequeno teatro descrito acima não é ficitício. Provavelmente estas cenas acontecem na maioria das escolas públicas de BH (da rede PBH, em particular), e o resultado é o mesmo:
a) professores impotentes frente ao caos social e educacional criado por um paternalismo burro e sem precedentes em nossa história;
b) e agora sem qualquer liberdade para buscar soluções, (não há autonomia nas escolas, todas foram padronizadas, bem ao estilo “zorra total”, onde “tudo” parte do aluno e nada deve ser feito pelo educador);
Um cenário semelhante a esse, a história já mostrou no que deu. Os chineses querem até esquecer de tão envergonhados que ficaram: a Revolução Cultural. Os professores naquela época viviam assombrados pelos alunos, uma vez que eram considerados, os professores, os inimigos do Estado. O traficante, o contrabandista, o contraventor, o administrador de caixa dois, não. Esses aliciam nossos menores para o tráfico, degradam nossas crianças em troca do dinheiro fácil comprando suas almas e prostituindo seus corpos juvenis e até mesmo infantis em troca de uma anunciada morte prematura. Esses fazem um sucesso danado e são até modelo para nossos jovens. Muito menos o ladrão e o corrupto, ou chefe de quadrilha, cujo sucesso e impunidade coopta nossos alunos à almejarem seguir essa proveitosa “carreira” acaso trabalhem para a manutenção do poder vigente. E ainda por cima, esses menores infratores, delinqüentes juvenis são amparados pela lei, proibidos de trabalharem e garantidos pela inimputabilidade. São as brechas dessa ECA e de nossas leis ou, talvez, de como são aplicadas, que permitem que nossas crianças e adolescente sofram essa metamorfose Kafkiana, nos lares, nas escolas, etc., transformando-as em perfeitos instrumentos de “gente?” inescrupulosa que as manipulam e através delas, das bolsas isso, esmola aquilo, suas famílias, professores, para a realização dessas pseudo-utopias que escondem os verdadeiros interesses desses vampiros humanos, travestidos de “políticos” bonzinhos.
Até quando os governantes deste país continuarão marginalizando professores e promovendo bandidos? Até quando esse pacto perverso de tolerância com o ilegal, o imoral, o depravado, o perverso, a tirania, que permite e inclui o roubo, a prostituição, a exposição excessiva da intimidade no currículo informal das escolas, irá durar? Até quando eles serão nossos “eixos norteadores”? Quantos inocentes terão de ser barbaramente sacrificados em nome desse nojento Reality Show de terror que tem sido o cenário da educação no Brasil, para que acordemos rubros, mas de vergonha, como os Chineses despertaram desse pesadelo “revolucionário?!!” ?
E o presidente da república tem a coragem de abrir a boca para declarar que um aumento de dezoito centavos de real para vinte e dois centavos por cabeça, na merenda escolar, faz alguma diferença no sentido de mudar esses 30 anos, senão 500, de descaso com do poder público com a segurança alimentar da educação fundamental e básica.
Aí me pergunto: quanto está se gastando, por mês, com o subsídio desses motéis de presidiários que passam o dia todo sendo recuperados pela punição “exemplar?” desses condenados a ficar o dia todo tomando sol, vendo TV, se drogando, fornicando, jogando uma pelada, maquinando e organizando os próximos seqüestros, assassinatos e outros crimes de dentro dos presídios brasileiros?

Prof.a. Mary Diniz

quarta-feira, maio 24, 2006

violência nas escolas III

A diretora da Escola Municipal Belo Horizonte, a mais antiga da capital, foi agredida ontem por um aluno da 8ª série, no turno da tarde. A instituição fica ao lado do Hospital Municipal Odilon Behrens, na Pedreira Prado Lopes, região Noroeste.

Maria José de Bessas foi atingida na perna por uma cadeirada durante um acesso de fúria do aluno V.H., 14.

O rapaz revirou vários móveis da sala da diretoria. Ele foi apreendido pela polícia e encaminhado para a Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad) em companhia da mãe.

De acordo com um dos coordenadores pedagógicos da escola, Paulo Costa, após o intervalo da merenda, V.H. atirou uma cadeira da sala de aula, localizada no 2º andar, no pátio da escola.

O aluno foi levado à presença de Maria José e repreendido por ela. “Eles tiveram um mal-entendido”, informou Costa, ao justificar a atitude do agressor. Líderes comunitários denunciaram ontem a falta de autoridade dos coordenadores da escola.

Segundo eles, o problema foi evidenciado com a política pedagógica adotada há cerca de dois meses por intermédio do programa Escola da Juventude. Isso teria aumentado a permissividade dos estudantes na instituição.

Autoridade
“Foi retirada toda a autoridade da diretora Maria José. Os alunos agora fazem o que querem”, diz o presidente da associação comunitária do bairro Santo André, Jairo Nascimento Moreira.

Segundo ele, até um caso de estupro ocorreu em uma sala de aula, mais precisamente na de número 20.

A porta está pichada com os dizeres “Motel 24 horas”. “Não há comando nessa escola”, acusa o morador Levir da Cunha, padrasto de duas alunas do colégio. De acordo com Costa, um suposto caso de estupro está sendo apurado pela escola.

Terça-feira, 23 de Maio de 2006, 00h01 /Debate - Jornal O Tempo - Dr. Rogério Medeiros X Profª Modesta Trindade

Voto nulo, não!
ROGÉRIO MEDEIROS GARCIA DE LIMA

Há mais de um ano, os brasileiros acompanham atônitos o noticiário político nacional. Escândalos se sucedem e derrubam ministros de Estado, parlamentares e líderes partidários.

Desde a queda do presidente Fernando Collor, abatido por graves denúncias de improbidade administrativa, vivemos a mais grave crise da democracia reinstaurada em 1985. Ao se aproximarem as eleições brasileiras de 2006, alastrase por diversos meios a pregação favorável ao voto nulo.

Isso é preocupante. O filósofo francês Jean Paul Sartre lembrava que uma das principais causas da despolitização é o sentimento de impotência e isolamento que toma conta das pessoas.

É necessário – pregava Sartre – dar a elas a sensação de que alguma ação é possível: “Fazê-las compreender que podem lutar no seu nível, na sua cidade, contra o sistema de distribuição de renda, contra a elevação abusiva dos preços, contra a intoxicação pela propaganda oficial etc”.

E contra a corrupção, acrescentamos os brasileiros. Os brasileiros estão frustrados com os escândalos que se desenrolam e a impunidade dos envolvidos, lamentavelmente garantida no âmbito dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

No entanto, precisam se conscientizar de que o voto é a arma mediante a qual podem moralizar a vida pública no país. Os eleitores vão percebendo que as campanhas políticas brasileiras têm sido manipuladas de modo nocivo por agências de publicidade.

Alguns publicitários, pagos com dinheiro “sujo”, criam candidatos “de mentirinha”. Esses candidatos não fazem propostas sérias e sinceras. A maioria deles foge do debate sobre questões importantes para a vida das pessoas, não têm obras concretas para apresentar e inauguram até “casa de bonecas” em ano eleitoral.

As notícias são manipuladas. Programas de auditório e novelas de TV fazem disfarçadamente propaganda de candidatos. Artistas famosos são contratados, a peso de ouro, para animar “showmícios”.

Estamos saturados com o comportamento desses maus políticos e com os prejuízos que causam à nossa jovem democracia. Como eles não são punidos pelo Congresso e a Justiça, devemos punilos nas urnas. Devemos dizer não a quem fala muito e pouco faz.

Devemos expulsar da vida pública quem rouba e nada faz. O filósofo grego Platão lembrava que as pessoas de bem devem participar da política. O castigo imposto àqueles que não se interessam pela vida pública é “a queda das questões públicas nas mãos de gente menos virtuosa”.

Em outras palavras, se nos omitirmos em prestigiar os homens de bem, os corruptos continuarão reinando. Brasileiros, votem! E votem conscientemente.

Juiz de direito e professor (Newton Paiva); ex-juiz eleitoral de Belo Horizonte
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Acorde, velho moço!

MODESTA TRINDADE THEODORO

A expressão “anular voto” confundese, muitas vezes, com “voto nulo”. Enquanto manifestação do desejo do eleitor não cabe o verbo anular. A anulação decorre de uma imposição da lei.

Não são contabilizados votos nulos para que o cidadão seja eleito. Somos desapropriados do nosso bem, repudiam a nossa vontade. Caso não fosse obrigatória a nossa presença, haveria votos nulos e ninguém poderia dizer que anulamos um direito.

O infinitivo “anular” trata-se meramente de um comando ideológico de disputa de poder. O objetivo é surrupiar desejos. A perspectiva mandatória, com mecanismos do tipo “jogar fora o voto”, constitui expressão a ser desmistificada. Partidários do voto nulo questionam negociatas escusas, candidatos, programas, partidos.

É um basta à ética do mictório, um repensar ético. Como designar para representante um ser que trata eleitores como pessoas apenas nas épocas de pleitos; que não enxerga os cidadãos contextualizados, geográfica, cultural e historicamente, no tempo e lugar?

Inúmeras são as vezes em que o não se coloca à nossa frente como partícula negativa, gerando movimento negativo. Impossível culpar trabalhadores pela devolução da negativa, pois mesmo exauridos são, por excelência, lutadores.

Pecam marqueteiros e parte da sociedade, ao abusarem de frases como: “não anule seu voto”. O voto é soberano! A sós com a urna deixamos de ser escravos. Não encontramos o vocábulo “nulo”, mas a palavra “branco” está lá. Por quê? O que o voto nulo pode representar?

A repulsa por tudo o que os politiqueiros vêm fazendo com os trabalhadores. E o branco? É simplesmente a abstenção. Somos apenas parcialmente tolos, sabiam? Outro aspecto sórdido da questão é que há a tentativa de transformar o voto nulo em candidato forte a ser combatido.

No entanto, não sendo pessoa, tampouco partido, inexiste horário eleitoral gratuito para que eleitores possam defendê-lo. Assim, transformam o nulo em fantasma.

Quando mais de 50% de eleitores votarem nulo (utopia?), estarão encerrando definitivamente a carreira de muitos políticos que pensam por nós, falam por nós, fingem defender-nos e por detrás riem de nós, ironizam nossas lutas.

Ah, e o proletariado não chegou efetivamente ao poder! Alguns que se diziam proletários se esqueceram de Marx e Lênin. O poder faz com que as pessoas que o absorvem passem por uma metamorfose kafkaniana às avessas.

Referendados pelos votos conquistados utilizam-se da política: “Faz-deconta que sou como vocês!” Acorde, velho moço! É necessário ousar, exercer a dialética, como o fez Sócrates.

O voto nulo poderá desbancar quem nos desrespeita dia após dia. Quiçá possamos, em um futuro próximo, encontrar alguém “humano, demasiado humano” que possa nos auxiliar.

Professora aposentada, especialista em Orientação Educacional

domingo, maio 21, 2006

Voto nulo - Jornal O Tempo - 18/05/2006

Foi publicada uma reportagem no dia 13/5 na qual o presidente do Tribunal Superior Eleitoral diz que o “voto nulo é um desserviço à sociedade”.
Bastante estranho seu posicionamento, haja vista que ele deveria estar prestando à sociedade o serviço previsto em lei, e não emitindo opiniões pessoais após ter sido empossado em cargo tão importante.
Gostaria de saber da OAB se não há ilegalidade nas palavras do ministro Marco Aurélio Mello, pois existem opções e o voto nulo é uma delas. Não caberia da parte do TSE apenas informações de como funcionará o sistema e “aulas de formação” para que possamos utilizar a urna com competência?
Quem é que pode dizer que aqueles que votam nulo não têm consciência? Por que lutam contra as diversas formas de protesto? Por acaso o voto útil é facultativo? Por que não modificam as leis, como nos países mais adiantados politicamente, ao invés de atacarem os direitos dos eleitores?
Tanto o TSE quanto os partidos políticos deveriam estar prestando um serviço à sociedade, o primeiro divulgando a Lei Eleitoral, os segundos, apresentando seus programas, ao invés de fazerem campanha contra nossos direitos. Talvez estejam pensando que não somos capazes de raciocinar.
Modesta Trindade Theodoro

quinta-feira, maio 18, 2006

Com ônus para a PBH?! Misericórdia!

Diário Oficial do Município - Belo Horizonte Ano XII - Nº: 2.604 - 05/13/2006
Poder Executivo
Secretaria Municipal de Governo

Ato do Prefeito

ATO DO PREFEITO

Coloca à disposição, nos termos do inciso III, art. 169 da Lei n° 7.169/96:

CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE
- Helena Maria Penna A. Pereira, BM-26.407-9, para prestar serviços no Gabinete do Vereador Carlão, com ônus para o órgão de origem, a partir de 03/02/2006 até 31/12/2006.

segunda-feira, maio 15, 2006

Sobre violência nasa escolas - Jornal Hoje em Dia

Karina e Robson

Tião Martins
smartins61@hotmail.com


Karina Rabelo Leite, que é coordenadora de pesquisa, e Robson Sávio Reis Souza, coordenador de comunicação do CRISP, o Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, reclamam do abuso e licença poética que se cometeu neste barco, em comentário sobre a violência nas escolas.
Não é novidade que este piloto vá além dos números, para entender a realidade oculta nas estatísticas. Toda interpretação, caros cientistas, pressupõe riscos. E o cronista, como o trapezista que atua sem rede, pede licença e cai.
Vamos aos fatos.
Karina e Robson advertem que o CRISP não aconselhou ninguém a tirar os filhos das escolas públicas. E estão certos. O conselho foi deste piloto, que não conhece as escolas pelos números, mas por ver tantos professores à beira de um ataque de nervos.
Karina e Robson dizem que não existe relação direta entre as redes escolares (municipal, estadual, particular) e os níveis de violência dos quais alunos, funcionários e escolas são vítimas.
Aí, o piloto pede licença para uma gargalhada.
Pode não existir relação no trabalho deles, mas saia por aí e converse com diretoras e diretores de escolas públicas. Se você não ouvir pelo menos dez histórias de terror de cada um, vividas na escola, sobretudo na periferia, ganha um cafezinho como prêmio.
Karina e Robson ensinam que que “a violência está muito mais relacionada à desorganização social do que às desvantagens econômicas.” Deve ser verdade. Garantem que abrir as escolas para que pessoas da comunidade vizinha usem o espaço para o lazer pode trazer bons resultados, mesmo em áreas críticas. E, no final, asseguram que a pesquisa não comparou as redes municipal e estadual.
Este retângulo animado de papel, transformado em barquinho de longo curso, jamais disse que o CRISP fez tal comparação, que é de responsabilidade do piloto. Se o prefeito que ninguém vê ficou chocado com a revelação de que não vê o que acontece nas escolas, é ponto para o piloto. Se, em lugar de pedir socorro ao CRISP, aparecer nas ruas, melhor ainda.
De agora em diante, sob o efeito do choque, talvez esse senhor acorde do seu sono e troque os aplausos encomendados a companheiros do PT por uma dose mínima de realismo e conhecimento do que acontece na cidade.
Aliás, seria cruel, mas oportuno, que o prefeito (como é mesmo o nome dele?) visitasse a cidade de Curitiba, no Paraná. Pode até ficar envergonhado, mas aprenderá muito. Se é que ele quer aprender.
Lá, Sua Excelência descobrirá que nem todas as cidades precisam cobrir de lixo suas praças e grandes avenidas. Que cidadania é algo que começa pela ação responsável, séria e compente do Poder público. E que governantes passam, mas a cidade fica e guarda na memória os maus tratos que recebe.
O CRISP e suas pesquisas nada têm a ver com a opinião deste piloto, nunca disse que as escolas municipais são um inferno e nem retratou os males que o abandono e o desrespeito pelas pessoas podem produzir.
Agradeço a Karina e ao Robson, pela gentileza das informações. Como servidores públicos, cumpriram sua missão. Pena que nem todos os servidores do povo saibam cumprir a sua. E o prefeito de BH (como é mesmo o nome dele?) é um desses.

terça-feira, maio 09, 2006

A coisa aqui tá feia -Correio Braziliense, DT, O Globo, o Tempo,...

Meus caros "amigos" Chico Buarque e Augusto Boal me perdoem, por favor, se não lhes faço uma visita, mas mando fatos nesta carta. O restante vai pela TV e pelos jornais. O que eu quero lhes dizer é que a coisa aqui continua roxa! Tem muito choro, muito samba, pizza, futebol e rock'n'roll. Tem piruetas nos sinais para ganhar pão, tem greve de fome de sem fome, e fome sem greve de faminto. Tem muita bolsa, muito crack, coca e cola. E a gente vai comendo o quê? Também, sem aquela comida! E a gente vai levando que também não tem mais jeito, pois a Companhia do Legislativo faz teatro do oprimido. Ninguém, talvez, segure esse rojão.

José Maria Theodoro - Professor

JOÃO UBALDO & CHICO - Jornal Hoje em Dia

Porreta. Só assim eu consegui adjetivar o texto de João Ubaldo (Plural, dia 7/5). Adianto-lhes que sou baianeira, mas esse não é o motivo para a adjetivação. Ele escreveu que ficou aturdido com a notícia da greve de fome de Garotinho. Eu também. Porém, aturdida mesmo fiquei com as falas de Chico Buarque (Cultura, dia 6/5). Depois do "hiato de oito anos " ele aparece, em época de escrutínio, como garoto-propaganda e DVD de cara nova, com preço burguês. Quero ouvir o candidato do cantor falar que é também a favor de descriminar a maconha e o aborto, como ele. Aí vou acreditar na coerência.

Modesta Trindade Theodoro
Belo Horizonte

quarta-feira, maio 03, 2006

SOBRE A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS E A ASSESSORIA DE IMPRENSA DA PBH

Na resposta postada pelo governo, ao artigo da professora Modesta, a assessoria de imprensa da PBH só citou números de janeiro a setembro de 2005.

Estranhou? Coincidência ou não, no último trimestre de 2005 ocorreram fatos gravíssimos nas escolas municipais e que poderiam, se computados, macular a imagem do prefeito e de sua valorosa equipe. O assassinato de um aluno por outro no IMACO -nov/05- é só o mais agudo deles.

Tentar esconder que as escolas municipais,particularmente as noturnas, têm se tornado locais perigosos é brincar com a vida e com a inteligência das pessoas. Nenhum número, maquiado ou não, conseguirá dizer que o Colégio Municipal São Cristovão teve seu noturno fechado para balanço e não devido a violência.

A visão míope do que é educação inclusiva e a falta de uma projeto de educação pública, séria, eficaz, verdadeiramente inclusiva e republicana, se faz notar cada vez que alguém da PBH abre a boca para defender o indefensável....

Nosso "colegas da imprensa", recrutados para a dita assessoria, poderiam ter a pachorra de responder-nos: Pode uma escola de verdade, que se pretende inclusiva, existir sem uma quadra de futebol ou de voley sequer?
Uma escola de qualidade pode existir sem professores para todas as disciplinas?
Uma escola republicana, democrática e eficaz, pode existir sem cumprir as normas coletivamente e legitimamente emanadas? O que dizem da falta de tempo para reflexão, para as reuniões pedagógicas- aprovadas no conselho Municipal de Educação e não implementadas pelo executivo municipal?

O que dizem da falta de uma política salarial séria e coerente? O que nos dizem da alegada falta de verbas enquanto se gasta 15 milhões em dois meses no gabinete de Pimentel? E da publicidade/promoção pessoal e partidária, muito bem paga com dinheiro público? Não caracterizaria transferência de dinheiro público para a iniciativa privada de maneira indevida e imoral? E isto tudo não é violência, caros repórteres?

O crescente adoecimento dos trabalhadores e trabalhadoras das escolas, notadamente o/as docentes, SEGUNDO PESQUISA SÉRIA, parece provar o que escrevo

Para terminar: é ou não um bom indicador para a veracidade desta constatação - de que há real e crescente perigo nas escolas municipais - a ausência prolongada da equipe da GERED CS no IMACO, no noturno? Isto para falar de uma escola central. Sumiram de medo da violência física ou da contundência de nossos argumentos? Ou as duas coisas?

A propósito: nunca soube que a assessoria de imprensa tivesse se dignado a visitar um escola noturna...


Até a próxima vítima....

Prof. Geraldinho- terceiro turno- IMACO

Violência e Educação - Trechos de jornal

Consulte Edições anteriores do jornal.

Educação - Hoje em Dia - 02/04/2006

Em seu artigo de sexta, dia 28, no HOJE EM DIA, Tião Martins escreveu que o prefeito de BH trata da violência nas escolas municipais, ‘se é que trata‘, como algo irrelevante. O articulista cita exemplos, entre eles o de uma professora que pediu licença sem vencimentos para fugir da morte ou de um surto psicótico. A síndrome do pânico está se tornando lugar comum nas escolas. Tenho conhecimento dos casos de liberdade vigiada, também de difícil trato. Proponho uma matéria sobre o que fazer, nesse e em outros casos sérios. É um conflito que promete. Merece profunda reflexão e ações objetivas.
Modesta Trindade Theodoro / Belo Horizonte - MG


Crime na Escola - Hoje em Dia - 03/04/2006

Sobre o artigo ‘Crime na Escola‘, publicado no HOJE EM DIA no dia 28 de abril, a Prefeitura de Belo Horizonte informa que, em 1997, foi criado o ‘Projeto Rede Pela Paz‘. O programa se revelou como eficiente intervenção no enfrentamento à violência no ambiente escolar, levando à constituição do Núcleo de Acompanhamento do Rede Pela Paz nas Escolas (NARPE). Além disto, o Prefeito Fernando Pimentel sancionou a Lei Municipal que constituiu as Comissões Internas de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar nas 181 escolas municipais. De janeiro a setembro de 2005, houve redução média de 21,97% no registro de episódios considerados de violência, nas 181 escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte e seu entorno, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Assessoria de Comunicação Social da PBH

segunda-feira, maio 01, 2006

Merda no ventilador II ( a sangria continua!)

Caros leitores,

O professor que vos fala é filho de bancário com uma costureira. Eu ia ao CEASA com minha mãe e uma “renca” de primos e tias para comprar nossos alimentos no atacado, e voltava numa Kombi alugada, enquanto elas dividiam as compras. Era minha mãe quem cosia nossas roupas e para completar o orçamento, ainda costurava pra fora. Nós nunca recebemos mesada. A grana que e eu e meus irmãos conseguíamos era com pães, panetones, sanduíches, tortas, pizzas que fazíamos e vendíamos na porta das casas, na Feira Hippie, no Mercado Central e alguns serviços prestados. Aqui em casa, a gente consertava tudo e fazia todo tipo de serviço de manutenção porque não sobrava dinheiro para comprar um aparelho doméstico novo ou mandar consertar. Todo fim de ano era um mutirão pra pintar a casa. Minha mãe recosturava os bolsos das minhas calças pra tapar os buracos atrás (de tão puídas) e tínhamos que colar um solado sobressalente por cima do buraco no tênis pra durar mais (ainda faço isso). Me lembro que tomávamos uma Coca Cola família que mal dava pra encher um copo, aos domingos, quando a massa de macarrão ou lasanha era feita em casa. Várias vezes eu fui a pé ao centro e voltei porque não tinha dinheiro para passagem de ônibus. Tratamento dentário, só depois que uma noite insuportável de dor anunciava que havia adiado demais. Quando viajava, ia de carona e ir para a escola, era só dessa forma. Quase sempre me atrasava, por isso. Não fiz cursinho. Passei de primeira, embora tenha abandonado os estudos por quatro anos. Na Universidade sobrevivi trabalhando, ou com bolsa de iniciação científica, ou bolsa da FUMP que quitei tão logo me formei. Mesmo assim, me formei três vezes e ainda fiz o mestrado e todo ano faço cursos de aperfeiçoamento pagos por mim (não é essa pataquada oferecida pela PBH). Enfim, nada me foi dado, a não ser uns pais e irmãos dedicados e um mote: “Se vira!”. Todo mundo da minha família, se tem um cargo público, é porque passou em um concurso e quem não tem, trabalha honestamente e venceu com o próprio esforço. Alguns morreram nessa luta e não tenho notícia de nenhum que tenha se tornado um bandido ou viva à custa de outro alguém, ou ocupando cargo por indicação de quem quer que seja. Não tinha coisa que mais me envergonhava quando alguém, melhor de vida, queria me dar um dinheiro sem motivo. Eu recusava. Me sentia um mendigo recebendo uma esmola.

Por que estou falando disso?

Primeiro, porque eu tenho absoluto respeito por quem eu sou. Sou o maior admirador e crítico do trabalho que faço. Cada centavo que recebo, é merecido “com borra”, como enfatiza um amigo. Por menos que eu ganhe e por mais que me sinta um trouxa por ter perdido meu tempo nessa profissão que tem se degradado dia a dia, sei que estou fazendo o melhor que posso, por um salário que não é nem mínimo, segundo o DIEESE. Porém, esse dinheiro é meu dinheiro, não é favor de ninguém. Não é só meu direito, é pago pelo reconhecimento do dever cumprido!

E é esse dever cumprido que não está sendo respeitado. Não é só o meu direito. É o senso de que, para poder cumprir meu dever, ele tem de ser reconhecido e adequadamente remunerado, ou será trabalho escravo, voluntarista.

Pois bem, a prefeitura alega, pela primeira vez, que, por não ter trabalhado em dezembro (mês sobre o qual a lei determina que seja feito o cálculo do 13º ) eu não tenho direito a receber o 13º salário proporcional a hora extra trabalhada ( a tal da dobra). Pior, ela reconhece esse direito, me paga até além do que deveria receber em 2005 ( muito estranho isso!) e agora vai me descontar mês a mês. Desse modo ela me fez pagar mais imposto, subtraindo minha restituição. Esse ano, que não estou dobrando, ela “espertamente” (pra mim isso é burrice, estupidez) me subtrai o salário. O mais interessante disso tudo, é que, quando fui pressionado a deixar a dobra, consultei o sindicato e os colegas e obtive resposta que nada me aconteceria. Cedi à pressão em favor do “coletivo” da escola (otário!), mesmo tendo a intuição de que algo estava muito errado.
Procurei nos meus contracheques, outro ano em que havia dobrado (menos dezembro) e descobri que, em todos que achei, a PBH reconheceu esse direito e dever cumprido. Por que não o faz agora?
O caos que estamos vivendo nas escolas com a falta de professores, não é por acaso e vai piorar! A inexistência daqueles que nos substituam em licença tende a se agravar e é fruto de uma política mal intencionada da PBH que pretende acabar com a necessidade do concurso para provimento dos cargos de professores na rede. As escolas não conseguem e não conseguirão mais professores para substituição ( a não ser trabalhando dezembro) e a pressão pela contratação será grande. É um tiro no pé, porque os poucos professores em regime de CLT que ainda existem na rede, ganham bem mais do que nós, estatutários. Eles, provavelmente, terão de pagar mais por aqueles contratos, mas parece que inteligência é algo que tem faltado a essa gestão. O que mais me espanta é que essa gerência deve estar se achando muito esperta.

Segundo, porque os programas de distribuição de renda do governo (mensalão, semanão, bolsa família, o esquecido rombo financeiro do PT, os Kits “escolares”, etc.) estão sendo mantidos graças às doações involuntárias de nossos “salários de marajás” para poupar, evidentemente, os coitados dos especuladores (investidores – Desculpe!) nacionais e internacionais da decepção de perder seus minguados lucros.

É abrir uma cratera pra fingir que está aterrando um Quenion. É matar um santo pra dar sua cueca pra outro e queimar a batina. Enquanto isso, no “inferno”, os milionários e corruptos progridem. Eles nem ligam pros buracos porque andam de jatinho e helicóptero. Do outro lado, a “elite intelectual desse país”, a classe média, pequeno-burguesa (baixa), essa a qual pertenço e cujos excessos me detive longamente a descrever no primeiro parágrafo, se deleita nos SPAS de definhamento laboral e intelectual (as escolas) a cuidar dos filhos dessa arrendada massa eleitoral do PT.

Até poderiam alegar que sou um burguês anti-revolucionário que tem uma família estruturada, enquanto meus alunos não têm. Não, minha família se estruturou a duras penas, começou do zero, fazendo de tudo, pois nada recebia e nem precisava. Não é recebendo tudo do Estado que vamos estruturar famílias ou recuperar pessoas!

Por que chegamos a esse ponto em que a prefeitura do PT se sente livre para confiscar salários com fim de financiar e distribuir suas esmolas?

Vou somente levantar algumas causas pra que discutamos a seguir:

1) O nosso sindicato não está suficientemente focado na defesa de nossos direitos e está ainda atrelado a interesses muito genéricos (partidários, de centrais sindicais, etc.) sem fazer, muitas vezes, o dever de casa. Assim, perdemos o foco da nossa luta e os “espertalhões” sobrevivem nos dando tombos como o que sofri, o que desanima o professor de lutar coletivamente, tamanho são os problemas individuais com que tem de lidar. Ainda que não possamos descartar a ajuda de outras entidades, nem negar o nosso apoio, não podemos sangrar nossa contribuição sindical em detrimento das nossas necessidades mais básicas de representação.

2) O nosso sindicato não é dos professores, é dos trabalhadores da educação. Acho que as questões professorais são suficientemente complexas e demandam um tratamento diferenciado. Misturar os problemas numa mesa de negociação (se é que tem) nos deixa a descoberto. Acho que deveríamos ter um sindicato em separado!

Exemplo: porque o sindicato não se antecipou na justiça quando percebeu que a prefeitura iria usar essa excrescência jurídica pra cortar nossos salários? A dobra pertence ao nosso regime de trabalho. Por que eu tenho de perder meu tempo para fazer valer um direito meu? Por que o sindicato não denunciou nos jornais essa prática e não entrou com uma ação pra barrá-la?

3) A nossa condição de trabalho não tem sido bem conduzida nas negociações. As investidas da prefeitura vêm tomando o dinheiro dos nossos projetos para dá-lo a projetos desarrazoados, a seus apaniguados. Meus alunos vêm apresentando problemas porque esses projetos não são adequados às nossas demandas. A luta pela autonomia da escola tem que ser discutida e valorizada, mas não só como retórica.

4) Falta um senso de estratégia ao nosso sindicato. Volta e meia partimos para lutas inglórias. Perder é parte da luta, mas perder sempre já sinal de desinteligência. É preciso montar um grupo de estudos desses problemas para avaliar as investidas da PBH para contra-atacar. Perdemos a iniciativa e as formas de luta perderam sua eficiência. Sabemos que aqueles que se encontram no poder são mercenários, que não ligam para leis e para a democracia. Mas nem eles podem descartar o Estado de Direito. É comum sermos traídos por ex-sindicalistas (vide PT) porque eles foram formados nas mesmas práticas que ainda são a tônica dos sindicatos. Essa metáfora guerrilheira, de um campo de batalha, do nosso jargão sindical (companheiro, luta, etc.) é um indício desse nosso anacronismo. É preciso rever nossas prioridades ou nossos representantes sempre serão cooptados a abandonarem nossas legítimas e prementes causas em nome de uma retórica momentânea e fácil.

É em nome dessa reformulação da luta que criei esses blogs e o nosso grupo. Mandem brasa, façam críticas ao meu texto. Quanto mais pessoas pensarem e agirem, melhor será nossa condição de enfrentar esse assalto aos nossos bolsos, direitos e interesses.