Sumanta de pau
Domingo, 10 de Setembro de 2006, 00h01
Dos leitores
Conforme o Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, sumanta de pau refere-se a "surra, sova". Busco no Brasil que não conheço uma expressão que possa traduzir o que nós, excluídos, temos levado ao longo dos anos: uma sumanta de pau. Sempre participei do Grito dos Excluídos. Dessa vez, fui advertido de que haveria participação massiva de candidatos e suas bandeiras. Além do mais, resolveram protestar contra um direito: o voto nulo. Voto nem sempre é escolha consciente (pode ser de cabresto, comprado, vendido), mas é obrigatório; às vezes uma aposta, como em um jogo de loteria.
Conforme divulgado pela imprensa, o TSE quer “anular o voto nulo”, consciente! Imaginem um deputado tendo 10% de votos e sendo eleito para representar 100% do eleitorado. É possível?! Querem anular, sem discussões, o voto nulo, sem observar a outra corrente.
Ela prevê que 50% mais um de votos nulos invalidam uma eleição. Corrente essa mais democrática do que a primeira, apesar de advinda dos anos de chumbo (lei de 1965).
É pertinente discutir quem, ou o quê, manipula um sufrágio, quais são as alternativas para buscar um processo realmente livre, mais legítimo, ético e coerente. Nem mesmo a legislação eleitoral é autônoma, inquestionável. Portanto, não pode ser absoluta, soberana.
Uma propaganda favorável ao voto nulo também é pertinente, por que não? Acaso o voto não é a expressão de uma opinião? E essa expressão poderia estar estampada nas placas, faixas ou muros: Pelo voto consciente, não anule o voto. Vote nulo!
O 7 de setembro ficou marcado neste ano de eleições pela presença de candidatos nos eventos oficiais e não oficiais.
Muitos excluídos foram excluídos do grito para dar lugar às bandeiras partidárias, panfletos e promessas daqueles e daquelas que, em outros anos não eleitorais, estiveram ausentes. Não ouviram os protestos. Em Belo Horizonte, antigamente, a marcha começava na praça da Liberdade, descia para a avenida Afonso Pena e, enquanto não terminassem os desfiles oficiais, não poderia seguir pela avenida. Neste ano, esteve ainda mais à margem, concentrando- se na praça da Rodoviária e seguindo em direção à praça da Estação.
Há tanta opressão em um sistema que determina o que é democracia, quanto em um sistema declaradamente opressor, institucionalizando protestos, delimitando espaços.
Rui Barbosa em uma célebre frase, referindo-se à humanidade, dizia que “... de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Não queremos mais apanhar!
José Maria Theodoro - Belo Horizonte
Dos leitores
Conforme o Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, sumanta de pau refere-se a "surra, sova". Busco no Brasil que não conheço uma expressão que possa traduzir o que nós, excluídos, temos levado ao longo dos anos: uma sumanta de pau. Sempre participei do Grito dos Excluídos. Dessa vez, fui advertido de que haveria participação massiva de candidatos e suas bandeiras. Além do mais, resolveram protestar contra um direito: o voto nulo. Voto nem sempre é escolha consciente (pode ser de cabresto, comprado, vendido), mas é obrigatório; às vezes uma aposta, como em um jogo de loteria.
Conforme divulgado pela imprensa, o TSE quer “anular o voto nulo”, consciente! Imaginem um deputado tendo 10% de votos e sendo eleito para representar 100% do eleitorado. É possível?! Querem anular, sem discussões, o voto nulo, sem observar a outra corrente.
Ela prevê que 50% mais um de votos nulos invalidam uma eleição. Corrente essa mais democrática do que a primeira, apesar de advinda dos anos de chumbo (lei de 1965).
É pertinente discutir quem, ou o quê, manipula um sufrágio, quais são as alternativas para buscar um processo realmente livre, mais legítimo, ético e coerente. Nem mesmo a legislação eleitoral é autônoma, inquestionável. Portanto, não pode ser absoluta, soberana.
Uma propaganda favorável ao voto nulo também é pertinente, por que não? Acaso o voto não é a expressão de uma opinião? E essa expressão poderia estar estampada nas placas, faixas ou muros: Pelo voto consciente, não anule o voto. Vote nulo!
O 7 de setembro ficou marcado neste ano de eleições pela presença de candidatos nos eventos oficiais e não oficiais.
Muitos excluídos foram excluídos do grito para dar lugar às bandeiras partidárias, panfletos e promessas daqueles e daquelas que, em outros anos não eleitorais, estiveram ausentes. Não ouviram os protestos. Em Belo Horizonte, antigamente, a marcha começava na praça da Liberdade, descia para a avenida Afonso Pena e, enquanto não terminassem os desfiles oficiais, não poderia seguir pela avenida. Neste ano, esteve ainda mais à margem, concentrando- se na praça da Rodoviária e seguindo em direção à praça da Estação.
Há tanta opressão em um sistema que determina o que é democracia, quanto em um sistema declaradamente opressor, institucionalizando protestos, delimitando espaços.
Rui Barbosa em uma célebre frase, referindo-se à humanidade, dizia que “... de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Não queremos mais apanhar!
José Maria Theodoro - Belo Horizonte
7 Comments:
Em que jornal foi publicado a Sumanta de pau?
Nós levamos essa surra todos os dias.
Acho que foi em um jornal do sul. Se não me engano, Zero Hora.
Jornal O Tempo - Dia 14/9/2006
Voto nulo
Pretendo anular todos os meus votos nas próximas eleições. E nunca estive tão consciente em toda a minha vida.
José Ferraz de Vasconcelos
São Paulo
Voto
Jornal Zero Hora - 14/9
Gostaria de alertar aos leitores "pró voto nulo" que esta é mais uma das "armações" feitas para nos enganar. O presidente pode ser eleito com 50% mais um dos votos válidos.
João Luiz Abbud
Piloto - Capão da Canoa (RS)
Se os outros candidatos não começarem a arregaçar as mangas, como faz o pessoal do voto nulo, claro que ele ganhará. No primeiro turno. Ou você acha que deixando de votar nulo a pessoa não iria votar nele?
Quarta-feira, 20 de Setembro de 2006, 00h01
Dos leitores
Jornal O Tempo - Dia 20/9/2006
Teatro puro
FHC disse que um político é um ator. Verdade, todo político é um enganador. O estardalhaço que a classe média e a elite fizeram com as declarações de alguns artistas de que "política se faz com mãos sujas" não passa de hipocrisia. Fernando Henrique falou que política é uma arte.
Correto, só que é a arte de mentir, ludibriar, enriquecer e roubar. Uma arte de ganhar muito e trabalhar pouco. Lula e Alckmin trocam acusações na TV – teatro, puro teatro! Newton Cardoso e o PT são amigos – teatro, puro teatro!
Newtão e Itamar Franco foram aliados, depois adversários – teatro, puro teatro! Política e falsidade andam de mãos dadas.
Os espíritas afirmam que um dia, no planeta Terra, reinará a paz, a harmonia, a felicidade. De acordo com eles, um outro planeta sugará os homens maus. Creio que, antes de sugar os bandidos, os críticos musicais (e de cinema também) e os técnicos que consertam eletrodomésticos, os primeiros a serem banidos serão os políticos.
Não existe classe pior que a política. O casal Modesta e José Maria Theodoro tem razão:
temos que votar nulo.
Não estou generalizando, pois sempre há exceções. Contudo, as exceções políticas são, no mínimo, omissas. Em tempo: política e ética são opostos.
Eustáquio Duarte
Bairro Santa Terezinha
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