domingo, junho 19, 2005

Rumos do nosso movimento e intervenções da SMED!

Colegas Professores,

Embora não tenha tempo, tenho uma pilha de provas para corrigir, acho importante interferir nesse blog e dar o meu recado. Vou direto ao ponto: estou preocupado em manter a pequena audiência que esse blog conquistou e pretendo que ela cresça tanto em número, como em freqüência e em qualidade. Por essa razão, escrevo, com objetivo de reconduzir esse blog ao seu objetivo. Não tenho o menor pudor com relação às manifestações que espontaneamente aparecem nele, nem me preocupa que se lave a roupa suja aqui, melhor, que se manifestem as contendas intestinas do nosso movimento, afinal, é pra isso que esse blog foi feito, também. O que me preocupa é a fragilidade estomacal de muitos colegas, pelegos ou não, que já não entram no movimento grevista ou não suportam a pressão, até mesmo nem participam das discussões preliminares e nem se manifestam, por uma série de razões que ainda desconhecemos. Esses analfabetos políticos ou apáticos, desinteressados também precisam de uma alfabetização ou motivação e penso que esse blog é um instrumento que pode ser utilizado com esse fim: manter a chama do movimento acesa (ainda que minúscula) e ir, ao longo do tempo, angariando partidários para a nossa causa, quero dizer, atrair colegas que pensam de diversas formas, sejam quem forem, Analise ou Klauss ou quem escreveu sobre a Analise, antes deles, por mais idiossincráticas (particulares), polêmicas, as idéias e formas de escrever ou de se manifestar que cada um tenha.
O que importa pra mim, aqui, é fazer valer o jogo democrático e reacender o movimento, trazendo para a política essa parcela indispensável da nossa classe, que nos fez falta na hora crucial de pressionar a prefeitura durante a greve.
Quero ressaltar que, com o término das reuniões pedagógicas nas escolas e as investidas orquestradas por essa administração contra a integridade do ensino (decente) e dos professores (sua capacidade de organização, senso ético e político) esses serão o grande problema que teremos de enfrentar com urgência urgentíssima. Essa luta tem que assumir um caráter suprapartidário, apesar d o PT ser o nosso atual maior inimigo ( aliás, maior inimigo até deles mesmos, dado o racha que os últimos acontecimentos provocaram no partido).
É que, pior que não ter nenhum projeto ou modelo de escola, é ter um completamente desvirtuado, como vem se fazendo com essa Escola Plural. Ficou o que era mais questionável nesse modelo:



  1. a progressão desembestada do aluno;
  2. a mescla de alunos com desenvolvimento muito
    diferenciado (ABISMAL);
  3. a enfiação de alunos em nome do hipérbato
    Inclusão;
  4. os grilhões do 1.5 e do atraso cada vez maior da chegada das
    verbas nas escolas;
  5. as intervenções de projetos que não prevêem a
    integração do ensino em sala de aula e as atividades extracurriculares (pelo
    contrário, só aumentam esse fosso);
  6. Esses professores (me incluo aqui, pois estou no projeto {veja P.S.}) possuem privilégios diferenciados da categoria. Além das atividades desenvolvidas serem lúdicas, portanto mais prazerosas, os horários de início e fim do projeto são mais flexíveis:
  • o professores do projeto do CAPE têm direito a dois dias de horário pedagógico, planejamento e formação coletiva, por semana, enquanto os professores regulares têm apenas 3 horas de projeto e nenhuma reunião pedagógica após sua extinção decretada nas escolas;
  • o horário de início das atividades dos projetos, nas escolas, pela manhã, é às 08:30h, enquanto a atividade normal tem início às 7:00h.
  • Estão disponíveis dois professores com carga horária integral e um professor com carga
    de 10 horas para uma turma que mal-mal completa 30 alunos;
  • Há disponibilidade de recursos como: ônibus de 15 em 15 dias para excursões, o que não acontece com outras turmas nas escolas.
  • essas turmas possuem uma verba específica do governo federal, enquanto ficamos de pires na mão.
  • Até hoje não vi o projeto desse projeto, o que me preocupa, já que toda atividade nossa tem de ser justificada com projetos e relatórios. Quero ver se vão perguntar pra nós professores do projeto, como faziam quando tentávamos justificar nossas turmas projeto : - o que você fez pelo aluno que ele fracassou?! Aí, pode ser acabem até com essa iniciativa e usem o dinheiro pra financiar mais gente em Cuba.

Nas reuniões pedagógicas, às quartas-feiras, é patente a inculcação de idéias que procuram reforçar o fosso das atividades propostas e o pretenso objetivo de alfabetização, pois as atividades propostas não parecem dar continuidade às atividades lúdicas, mas forçam a manutenção desses alunos em seus estados infantilizados já que as atividades não buscam um desdobramento pedagógico que ajude o aluno a assimilar os conteúdos escolares, pelo contrário, não está previsto um horário para que esses alunos recebam apoio em suas atividades escolares e o tempo de fazê-lo é todo tomado pelas atividades lúdicas.

É claro que devemos ter atividades lúdicas para motivar esse aluno e desenvolver habilidades que ficaram defasadas em função da sua condição desprivilegiada, mas isso deveria vir com atividades de alfabetização que também permitissem a esse aluno acompanhar, com maior desenvoltura, as aulas de matemática, português, etc.


Corremos o risco desses alunos incorporarem a idéia de que não é importante
o domínio desses conteúdos à sua formação e, ao que parece, as idéias
veiculadas nos horários pedagógicos do CAPE caminham nesse sentido. Ouço sempre a reclamação de que os professores dão atividades demais para os alunos! É esse tipo de condução escolar que, segundo a SMED, será avaliado pelo SIMAVE para avaliar o trabalho dos professores. É a escola do método plural confuso trocado pela escola do método de um partido com esquisofrenia paranóica .

É a isso que chamo de política do “pão e circo”. Além do mais, esses projetos acontecem em uma pequena porcentagem de escolas. Há um claro e discutível movimento no CAPE que pressupõe a instituição escolar como uma instituição falida, mas não há uma proposta alternativa a ela, o que torna esse tipo de intervenção uma experiência ainda mais perniciosa, se não se fizer uma mudança de rumos.
Como vimos, há dois pesos e duas medidas. Enquanto se garante toda condição a um projeto experimental invasivo, se usurpa das escolas qualquer possibilidade de efetivar o seu projeto político pedagógico (veja denúncia). Na Escola Dom Orione, possuíamos projetos e aulas de caráter alternativo que faziam parte da grade curricular, mas que foram suprimidas a fim de se ajustar ao 1.5 e, mais recentemente, todos projetos das escolas serão extintos em função das políticas implementadas pela PBH que assumem, esse ano, um caráter punitivo, eminentemente partidário, à revelia das conseqüências que essa punição irá causar à educação (veja aqui).

Daí o fato de pensar que devemos assumir um caráter de luta suprapartidário, já que o nosso movimento não irá sobreviver às investidas humilhantes dessa máquina estatal sem a ajuda de outros partidos e da ala descontente e compromissada com a educação do próprio PT (existe?!). Ainda mais que, se me permitem a avaliação do quadro político, o PT oficial tende a se radicalizar ainda mais e a caminhar inexoravelmente para a implementação de uma forma de governo ainda mais tirana que a implementada pelo PSDB, já que, penso eu, a saída do ministro da Casa Civil , o Dirceu, e a manutenção dos demais acusados que têm estreita relação com a atual prefeitura, revela que não se trata de uma queda do Dirceu, mas o soltaram, já que ele é o Pitbul desse governo e as perseguições irão se acirrar ainda mais e nossa classe será um alvo preferencial. O PT está se comportando como uma fera mortalmente ferida, já que está exposta, de forma mais contundente, às mesmas críticas a que, antes, acusava seus opositores e para sobreviver politicamente e se manter no poder fará nas administrações públicas desse partido a mesma inquisição que cassou os insurgentes de seu partido.

Portanto, colegas, peço que façamos um grupo de estudos e de ação que faça uma reavaliação do movimento e implemente, efetivamente, uma ação permanente de defesa do ensino público decente e compromissado (nem falo mais “de qualidade”, pois essa palavra me lembra o equivocado projeto do PSDB de Qualidade Total que o PT está implementando) e que sirva de consulta, crítica, apoio e aporte ao nosso sindicato. Quem desejar participar, inscreva-se no grupo “professorpublico” clicando nesse endereço:

  • INSCREVA-SE AQUI MANTENHA-SE EM CONTATO



  • P.S. Embora participe do projeto, exigirei do CAPE que me permita trabalhar as horas da reunião e as 1h30m diárias em outro projeto, o CINESCOLA desenvolvido na EMDO ano passado ( veja aqui ) e em dando suporte aos colegas com os computadores. Penso que assim, não estarei, na prática, concordando com o CAPE com os privilégios que os professores dos projetos gozam.