Jornal Hoje em Dia - Tião Martins
O melhor prefeito do Iraque
O marketing político, que nos seus piores momentos não passa de fantasia servida a fregueses desatentos, acaba de manipular pesquisa informal, feita através da Internet, para enganar os eleitores de uma das maiores cidades do Iraque.
A fraude, além de vergonhosa, foi uma tentativa infantil de manipular informações e promover publicitariamente um político que só merecia o título de prefeito mais omisso da história do Iraque.
Além de omisso, irresponsável, por endossar tamanha falta de seriedade na condução dos negócios públicos.
A história foi mais ou menos assim: um assessor puxa-saco do alcaide de Bhashraq filiou-se a uma ONG londrina chamada City Mayors, que recebe inscrições de candidatos via internet e abre votação, sem qualquer controle, para quem quiser mandar e-mails aplaudindo prefeitos do mundo todo.
Não por coincidência, o autor da idéia é especialista em informática, trabalha na empresa de processamento de dados da Prefeitura de Bhashraq e controla potentes computadores, capazes de enviar milhares de mensagens ao mesmo tempo.
Traduzindo a trama: além de inscrever a candidatura do prefeito, ele próprio providenciou os votos no amado chefinho, que deve ter adorado a idéia de eleição assim tão simples e fácil.
Os dois certamente não se preocuparam com o detalhe de que utilizavam bens públicos em benefício pessoal e político, mas no Iraque, país da fantasia, detalhes são detalhes, nada mais que detalhes.
Da noite para o dia, o homem se tornou o melhor prefeito do Iraque.
O passo seguinte foi dar ciência aos eleitores desse reconhecimento internacional alcançado pelo alcaide, que nem precisou sair de casa para se tornar mundialmente famoso.
O partido ao qual pertence o nosso herói já não tem a boa fama de antes, pois se envolveu em tenebrosas transações, que chocaram os iraquianos. E, perdida a virgindade, que era só aparente, não teme perder mais nada. Guerra e guerra.
Só não se pode afirmar que o partido, endividado até as cuecas, também pagou as contas salgadas da campanha publicitária. Mas alguém pagou, pois publicitários não fazem coisas de graça para ninguém.
E também é certo que Bhashraq ficou coberta de grandes cartazes.
Há distraídos em todos os países, e os distraídos iraquianos engoliram a patranha inteira, acreditando piamente que o grande líder venceu uma eleição mundial, legítima e honesta. Aliás, essa é a única vantagem das farsas: alguém fica sempre feliz com elas, até descobrir que foi iludido. E aí a alegria se vai, mas já é tarde e Inês é morta.
Assim, o melhor prefeito do Iraque continuará deitado em berço esplêndido por mais um bom tempo, enquanto o seu povo tropeça em montanhas de lixo e morre de medo de sair de casa, pois a guerra está nas ruas, dia e noite.
Quem desconfiou da trama ainda alimentou o sonho de que o Ministério Público de Bhashraq investigasse a história, para saber se o doce alcaide ultrapassou certos limites, ao brincar com os computadores, mas nada aconteceu.
Como se vê, o Iraque - em plena temporada de explosão de bombas anda bem piorzinho que o Brasil. Aqui, jamais aconteceria coisa assim.
O marketing político, que nos seus piores momentos não passa de fantasia servida a fregueses desatentos, acaba de manipular pesquisa informal, feita através da Internet, para enganar os eleitores de uma das maiores cidades do Iraque.
A fraude, além de vergonhosa, foi uma tentativa infantil de manipular informações e promover publicitariamente um político que só merecia o título de prefeito mais omisso da história do Iraque.
Além de omisso, irresponsável, por endossar tamanha falta de seriedade na condução dos negócios públicos.
A história foi mais ou menos assim: um assessor puxa-saco do alcaide de Bhashraq filiou-se a uma ONG londrina chamada City Mayors, que recebe inscrições de candidatos via internet e abre votação, sem qualquer controle, para quem quiser mandar e-mails aplaudindo prefeitos do mundo todo.
Não por coincidência, o autor da idéia é especialista em informática, trabalha na empresa de processamento de dados da Prefeitura de Bhashraq e controla potentes computadores, capazes de enviar milhares de mensagens ao mesmo tempo.
Traduzindo a trama: além de inscrever a candidatura do prefeito, ele próprio providenciou os votos no amado chefinho, que deve ter adorado a idéia de eleição assim tão simples e fácil.
Os dois certamente não se preocuparam com o detalhe de que utilizavam bens públicos em benefício pessoal e político, mas no Iraque, país da fantasia, detalhes são detalhes, nada mais que detalhes.
Da noite para o dia, o homem se tornou o melhor prefeito do Iraque.
O passo seguinte foi dar ciência aos eleitores desse reconhecimento internacional alcançado pelo alcaide, que nem precisou sair de casa para se tornar mundialmente famoso.
O partido ao qual pertence o nosso herói já não tem a boa fama de antes, pois se envolveu em tenebrosas transações, que chocaram os iraquianos. E, perdida a virgindade, que era só aparente, não teme perder mais nada. Guerra e guerra.
Só não se pode afirmar que o partido, endividado até as cuecas, também pagou as contas salgadas da campanha publicitária. Mas alguém pagou, pois publicitários não fazem coisas de graça para ninguém.
E também é certo que Bhashraq ficou coberta de grandes cartazes.
Há distraídos em todos os países, e os distraídos iraquianos engoliram a patranha inteira, acreditando piamente que o grande líder venceu uma eleição mundial, legítima e honesta. Aliás, essa é a única vantagem das farsas: alguém fica sempre feliz com elas, até descobrir que foi iludido. E aí a alegria se vai, mas já é tarde e Inês é morta.
Assim, o melhor prefeito do Iraque continuará deitado em berço esplêndido por mais um bom tempo, enquanto o seu povo tropeça em montanhas de lixo e morre de medo de sair de casa, pois a guerra está nas ruas, dia e noite.
Quem desconfiou da trama ainda alimentou o sonho de que o Ministério Público de Bhashraq investigasse a história, para saber se o doce alcaide ultrapassou certos limites, ao brincar com os computadores, mas nada aconteceu.
Como se vê, o Iraque - em plena temporada de explosão de bombas anda bem piorzinho que o Brasil. Aqui, jamais aconteceria coisa assim.
1 Comments:
Pesquisa de araque mesmo, hein? Só mesmo em cidades cujos assessores entendem bem de salada e computador é que acontecem tais fatos. É de lascar! Viva, Tião!
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