quarta-feira, julho 19, 2006

REPÚBLICAS NA BERLINDA - Diário da Tarde - Dia 18/07/06

Morei há pouco mais de 26 anos em uma república de Ouro Preto (Koxixo). Escolhemos o nome, compramos os móveis e povoamos parte do campus. Tudo isso sem nos conhecermos direito. Na época, havia apenas uma república feminina, pertencente à Ufop, no Centro. Foram construídas 10 casas, cada uma com capacidade para 20 estudantes, duas pessoas em cada quarto, no Campus. Grupos foram formados e sorteados. Não fomos escolhidas por outrem, mas passamos a escolher moradoras quando surgiam vagas, seguindo um antigo hábito das repúblicas. É um processo difícil, na verdade. Quanto às ¨bagunças¨ em repúblicas, é algo que acontece. Imaginem 20 moças, ou rapazes, quiçá uma família com 20 pessoas. Haja afinidade!
Quase sempre, como hoje, havia querelas entre nativos, igreja e estudantes. O padre Simões, figura proeminente e respeitada, coordenava e coordena a ¨ordem¨. Muitas vezes fazia sermões contra os atos de estudantes. Vez por outra, eu assistia à missa na igreja em que ele atuava e atua. Às vezes ficava furiosa com generalizações, mas não dizia nada. Igreja não é praça pública. Conversava depois com o gramático padre José Pedro Mendes Barros (já falecido). Pessoa inteligente, boníssima! A 'coisa' não é nova! Até parece que o comércio ouro-pretano sobreviveria sem as suas repúblicas. Espero que a situação se resolva entre estudantes e comunidade. Que não seja decisão unilateral, ou entre Ufop, vereadores e Igreja. Segregar estudantes apenas no Campus é uma idéia esdrúxula e poderá trazer prejuízo para o comércio central, pois mais bares, restaurantes e mercados, na certa, serão abertos no Morro do Cruzeiro (Bauxita). Também não sei no que consistirá uma mudança desse naipe para os moradores das casas européias de Saramenha. Eles deveriam fazer parte das discussões, senão reclamarão depois. As repúblicas, com seus nomes exóticos, deveriam ser patrimônio, e suas histórias contadas, sejam boas ou ruins. Estudantes não pretendem nem nunca pretenderam tomar a cidade dos nativos. Vivem nela de quatro a oito anos e vão-se embora. E, convenhamos, Ouro Preto é patrimônio histórico mundial.
Modesta Trindade Theodoro - Belo Horizonte

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bem saudável...

5:41 PM  
Blogger Professor Público said...

Os problemas, ou morar em repúblicas?

2:57 PM  

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