sábado, maio 28, 2005

Sobre o texto: "RESPOSTA AO PROFESSOR DA EMPEP" (leia antes de seguir: clicando aqui)

Caro Pai,


Não sou professor da EMPEP , mas sou solidário à sua causa. Realmente existem esses problemas nas escolas. Contudo, devo alertar-lhe: o senhor também "Tenha cuidado com as palavras..." pois, ao dizer "Se o Senhor fosse tão culto como escreve, com certeza estaria em uma situação profissional melhor", você está sendo conivente e concorda que a escola pública da rede PBH deve ter professores de nível ruim e "sua atitude demonstra desrespeito para com um Cidadão que (também) paga impostos e custeia o seu salário" uma vez que, nós professores, também somos contribuintes e consumidores, portanto, custeamos o seu salário ao comprarmos os produtos ou serviços que sua empresa ou o senhor vende e ainda cuidamos do seu filho e contribuímos, também, para que o senhor possa se aposentar um dia.
A única diferença: não tememos dizer o que pensamos, já que os tempos de ditadura, que lutamos para derrubar, se foram, e não nos envergonhamos do trabalho que realizamos, uma vez que acreditamos que, para dar uma ótima educação aos nossos filhos, não basta "sermos bem recebidos". Isso qualquer prefeitura, empresa, igreja ou financeira (inescrupulosa) faz, a fim de extorquir e enganar seus cidadãos ,fieis e clientes.
Então, como avaliar, realmente, o ensino que está sendo oferecido?! É preciso avaliar constantemente a qualidade do nosso trabalho
(que é feita nesse horário em que seus filhos são "dispensados antes do horário" , - o famoso horário de encontro pedagógico - já que não nos pagam hora extra, como as escolas particulares o fazem, apesar de, ainda assim, levarmos muito trabalho para casa, fora do expediente!).
Essa dispensa significa só uma coisa: é uma conquista da nossa classe, que nos permite lutar por um ensino de qualidade (a educação que o seu e os nossos filhos têm na escola pública).
Afinal, nas escolas particulares, não lidamos com problemas tão cabeludos quanto nas públicas. Além do mais, os pais estão sempre lá, trazendo e buscando seus filhos, cobrando do dono da escola e do professor, um ensino de qualidade, coisa que os pais das escolas públicas não podem ou perderam o costume de fazer (veja quantos vão numa reunião quando convocados).
Espero, sinceramente, que o seu e os nossos filhos não tenham que sentir vergonha do salário que ganham e possam abraçar, com orgulho e reconhecimento, a carreira que almejarão seguir, sem que ninguém lhes diga para se calarem ou "medir as palavras" , quando acharem que algo está muito errado, pois esse é o limite que diferencia uma carreira de um trabalho escravo e, o que é ainda pior, fere a ética e a responsabilidade que todo profissional, como eu e o senhor, deve ter, seja lixeiro ou empresário, independente do quão baixo a sociedade nos nivele, usando que argumento for para nos rebaixar os salários, como o senhor, desatento, reproduziu o que outrem disse, em poucas palavras.