sábado, julho 30, 2005

"Da Lama ao Caos..."se Chico Science estivesse vivo!

Sem querer me gabar, mas fazendo-o, me pergunto: quais os indícios que me permitiram, já em abril, ser tão profético no manifesto que inaugurou esses blogs ?! (clica aqui p\ ler )
Não foi porque já havia indícios da podridão que só não foi expurgada porque adotou-se a solução mais curta e fácil: o impeachment do Collor. O resultado é que ela graça até hoje, assumindo, nas CPIs, dimensões cada vez maiores. Não foi isso. Fui eleitor do Lula, apesar de não ter votado no Pimentel, em protesto à política desse almofadinha pseudo-operário. Ainda torço por ele, pois, se o Lula cair como caiu o Collor, a crise poderá assumir proporções avassaladoras para nós e nada se apurará. Quanto ao Pimentel e seus asteclas... Evidentemente que não creio na inocência de Lula, tampouco no discurso da oposição. O PSDB e o PFL venderam as empresas brasileiras a preço de banana, com aquelas privatizações fraudulentas, e roubaram tanto dinheiro quanto o PT nos usurpou dos cofres públicos para comprar partidos, sindicatos, ongs, deputados e senadores.
Mas esses governos são o espelho daquilo que seu povo faz. A nossa tolerância e certa cumplicidade permitem que essa corrupção se perpetue. É a versão, em larga escala, dos pequenos delitos que cometemos para nos safar das políticas de um sistema que nos impõe um trabalho servil e altíssimas taxas e impostos goela abaixo, sem nenhuma contrapartida. É mais fácil burlar o fisco, explorar o empregado e enganar o cliente que se organizar em grupos de pessoas e entidades para enfrentar e deter o voraz apetite do governo e seus corruptores. Os governos assumem o poder no Brasil como se nós os tivéssemos passado um cheque assinado e em branco. É como se fossemos todos inadimplentes, sem qualidade moral de cobrar um governo minimamente decente. Mesmo que a corrupção no nível governamental é muito pior e mais deletério do que aquilo que tentamos fazer para nos defender, há um paralelo e uma gênese semelhante entre esses escândalos e nossos pequenos delitos. Nós, de certa forma, os encorajamos a serem assim, pois participamos muito pouco (por questões culturais ou pela tremenda desigualdade social) das decisões políticas. Já reparou nas desculpas que a gangue do Valerinho usa para diminuir sua responsabilidade nos atos praticados? Seria a mesma que apresentamos quando somos pegos? Pois é, eles também foram seduzidos a se aproveitar das brechas do sistema.

‑ Não, não sou eu que compro um atestado médico – para justificar minhas faltas ‑ é o sistema que explora meu trabalho e me paga mal.

Afinal, é mais fácil não participar de um movimento reivindicatório que enganar a comunidade escolar, cujos pais quase nunca vão à escola para verificar como estamos educando seus filhos. Os gestores, então, só aparecem para “pentelhar”, reproduzir a farsa plural; nunca para incentivar ou premiar alguma iniciativa singular.
Deve ser mais fácil assumir um cargo comissionado para ganhar melhor e deixar as salas de aula (que me atormentam) e passar a atormentar os professores, nossos colegas, com medidas que os obrigam a resolver aquilo que não sabemos a solução. É mais fácil me calar, não correr o risco de cometer erros gramaticais, impropriedades, incoerências ou enganos, que ter de me corrigir ou correr o risco de me indispor com o poder, o patrão, os colegas. É preferível deixar de me expressar, que aprender, duramente, a pensar, discutir, escrever sobre os problemas que me atormentam, enfrentá-los e tentar pressionar de alguma forma para que possamos corrigi-los.
Esse é o maldito jeitinho brasileiro, que nos contamina a todos, e que nos faz condescendentes com as mentiras e a alienação das nossas Renildas. Queremos até a premiá-las. É, por outro lado, esse mesmo jeitinho judaico-cristão que entrega a nossa vida a Deus e o dízimo às cuecas dos fariseus. É essa mesma tradição bíblica que preferiu ocultar o papel ativo de Madalena, considerando seu evangelho um texto apócrifo e a confundiu, oportunamente, com uma prostituta arrependida.

Não conheço a organização do PT, mas parece que esse partido sofre do mesmo mal de que padecemos. Essa lama tem seus sintomas na própria forma com que o PT lida com os problemas da escola em BH. É um reflexo da forma como seus militantes, ao assumirem os cargos de comando, agem conosco: ou tentam nos cooptar, para que fechemos a boca diante daquilo com o qual não concordamos ou nos impõem toda uma série de provações e humilhações. Desqualificam e ignoram as entidades que nos representam legitimamente e criam outros fóruns ilegítimos, prática comum no Estado Novo e na Ditadura Militar. É essa forma tirana de governar, adoçada pela pílula Geisel, de uma democracia relativa, que faz com que tantos problemas, como os que as nossas escolas enfrentam, não sejam veiculados, ouvidos, nem discutidos e, portanto, não tenham uma solução. Por essa razão que os petistas na PBH fazem de conta que estão procurando resolver aquilo que eles são incapazes de entender. Basta ver o quanto eles gastam com eleição e propaganda.
Eu torço para que essa crise se aprofunde, mas que não chegue num impeachment do Lula (como a vaidade e o desejo de vingança da Heloisa Helena quer transparecer ), pois isso instauraria novamente a farsa. Não sei se foi Max que disse a Hegel ou o contrário sobre esse fato. Não me lembro. Eles, porém, tinham razão. É preciso que vivamos a nossa tragédia, agora, ainda que, dessa vez, após a farsa, e, talvez, poderemos correr o risco de limpar um pouco da lama nas cuecas sujas que tacamos no fundo falso das malas de nossas almas. Quem sabe, assim, poderemos pavimentar nossas rodovias democráticas esburacadas (com dois palmos de asfalto, de verdade) para que candidatos decentes, de espírito público, possam percorrê-las numa disputa equilibrada pelo pódio do poder. Que, uma vez, ali, nos banhem de autêntico champanhe de verdadeira realização, fruto de um efetivo interesse público. Que venham substituir esses políticos, que, na sua pseudo-trajetória pública, tentam nos afastar, com balas, canhões d’água, corrupção, ameaças, promessas vãs e falsas, truculência e arrogância, da vida política.
A maioria dos nossos representantes, como a grande parte do nosso povo, e, ao que parece, todos os partidos, incluindo o PT, são feitos de pessoas que não se penitenciaram suficientemente, não caminharam descalços na Via Sacra da democrática que propõe uma reflexão mais aprofundada dos problemas que enfrentamos. É preciso incluí-los nessa maratona para que não a deixem, quando no poder, ficando à sua margem. Se não se faz isso, não se pode ter uma visão mais clara dos problemas. Uma visão que seja menos doentia e acomodada que as primárias, pobres e podres ideologias ou, por outro lado, que as estúpidas lógicas, arrogantes e auto-suficientes motivações mercadológicas. Só assim, nos mobilizando e participando das discussões sobre assuntos de interesse público, que obteremos pessoas que saberão tratar da vida pública e ocupar um cargo público sem fazer dele, sua privada.
Por falar nisso, é bom já ir pensando as qualidades do candidato em que votaremos no próximo ano. Quem se aproxima melhor dessas qualidades? Não acredito em voto nulo. Temos que votar contra os que estão nos roubando ou estaremos concordando com que levem nossos filhos e famílias para a morte, para um mundo alienado e para a mediocridade, como os trabalhistas da Inglaterra estão fazendo. Estão destruindo sua bela democracia e acabando com os direitos civis para encobrir o erro, a estupidez que foi participar da mentira que justificou a guerra contra o Iraque. É sempre assim, os extremos se tocam, a guerra contra o terror é feita para alimentar o terror, que, por sua vez, justifica essa guerra. Na versão ‘brasilis’, é a luta contra a corrupção que justifica a chegada ao poder de incorruptos incapazes, que, para chegar ao poder, se corrompem, o que realimenta a busca vã por mais aventureiros incorruptos. É preciso sair desses sofismas discursivos e construir uma nação que participe e fiscalize, efetivamente, os governos ou sempre teremos de colocar santos, ditadores, salvadores da pátria no poder. Esses nada farão, a não ser, descobrirem que são humanos e corruptíveis.

É preciso que o PT reflita e mude essa prática trabalhista antidemocrática e que nós também mudemos a nossa prática, para permitir que venha, à tona, alternativas de poder melhores que os governos e a oposição vêm nos apresentando.
“Triste não é um país que possui corruptos, triste é um país que precise deles”, e, sinceramente, não precisamos mais deles. Nossa democracia não é sólida, mas não é verdade que “tudo que é sólido se desmancha no ar”? Se não começarmos a participar, estaremos eternamente condenados, como revela a letra de Chico Science (leia clicando aqui), a esse estado de insolvência, de caos, de paralisia, de falência, de metástase e pânico, de uma nação que não é Zumbi, mas de zumbis.

sábado, julho 23, 2005

Levantamentos e estudos do Prof. Klauss desmitificam propaganda da PBH (Clica aqui)

sábado, julho 02, 2005

Escola Municipal Dom Orione mantém e reafirma a necessidade da Reunião Pedagógica!

A EMDO decidiu, hoje, dia 02/07/2005, manter a Reunião Pedagógica, por entender que não há outro mecanismo de se organizar suficientemente os turnos, construído no coletivo, que permita substituir esse espaço. O coletivo da escola entende que esse ainda não é o momento de terminar com a reunião com dispensa de alunos pelos seguintes motivos:

• A Prefeitura, embora alegue estar sendo pressionada a resolver o problema, ainda não apresentou nenhum documento que comprove a discussão da legalidade dessa reunião.

• Se essa legalidade for discutida, a prefeitura deverá prestar conta desse tempo escolar desde o ano de 1996.

• As portarias que têm sido mandadas às escolas com respeito ao problema são contraditórias e desqualificam as imediatamente anteriores. Se a prefeitura pudesse terminar com a reunião, ela já o teria feito e nosso ponto teria sido cortado como o foi nas paralisações e na greve.

• Há uma avaliação negativa do cotidiano das escolas que encerraram a reunião com dispensa de aluno. Se a maioria vai para o buraco, não significa que a EMDO se prestará a fazer o mesmo.

• A EMDO não considera que os turnos devam ser tratados de forma diferenciada no que tange a direitos, como, inexplicavelmente, a prefeitura tem feito, ao decretar a extinção da Reunião Pedagógica no turno noturno (4º Ciclo) já em outubro de 2004, ferindo a autonomia da escola e desrespeitando a organização do coletivo da escola.

• Há um quadro de medidas, sendo implantado, que aponta para a retirada das conquistas dos trabalhadores em educação com conseqüente perda de outros direitos que podem comprometer o ensino regular: diminuição do 1.5 (que já é insuficiente), desmonte dos mecanismos que garantem a autonomia da escola, o fim do CAPE, deslocamento ilegítimo do fórum de negociações da categoria: sindicato, assembléia para o de diretores das escolas. Perder a reunião permitiria que as outras sentinelas caíssem, expondo ainda mais o nosso frágil movimento, que precisa ser retomado com urgência.

• O momento político nada favorável à prefeitura que aponta para um recuo do PT sob pena de ser ainda mais penalizado.

• Manter a reunião com dispensa, no sentido de encorajar outras unidades a fazerem o mesmo e em solidariedade às que estão fazendo, haja visto que, essa resistência permita, ainda que de forma simbólica, levantar o moral e a indignação da categoria, com o fim de dar tempo e fôlego à categoria de se reerguer e reconstruir seu movimento em novas bases.

• E o que o coletivo de professores da EMDO considera mais importante, embora esteja no final dessa lista, o fato de que a extinção da Reunião Pedagógica já ter sido discutida em instâncias mais representativas e legítimas da categoria e da comunidade: Assembléia Geral e a III Conferência Municipal de Educação que, movida pelo bom senso e sem radicalismo, apontaram para a decisão de considerar esse ano um período transitório de negociações, não respeitado por essa prefeitura. Portanto, não cabe à assembléia do coletivo de professores dessa escola, realizada nesse dia, deliberar sobre esse tema.

• A EMDO aponta como solução ponderada de seu coletivo, de se levar ao Seminário que ocorrerá em Agosto, patrocinado pelo sindicato, a discussão do tema e, só então, tomar a decisão de considerar, ou não, o fim da Reunião Pedagógica.

Quero ressaltar que esse texto é apenas um informe, um noticiário de parte do que foi discutido nessa reunião, após a Assembléia Escolar, e não constitui um documento da escola ou que oficialmente represente esse coletivo, mesmo porque, em parte dessa mesma reunião, os professores do turno noturno fizeram uma outra reunião, em separado, para tratar de assuntos específicos do turno. Contudo, ao que pude constatar, o que foi discutido não é diferente do encaminhamento dado na reunião do coletivo principal.

Fico orgulhoso de ser professor de uma escola que tem e quer preservar um coletivo, apesar das dificuldades, e mantém e reafirma seu compromisso ético, dando um exemplo de cidadania e democracia que deveria ser seguido por outras unidades.

Woodson F. C.